quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Um poema, uma palavra. Quero dormir!

Epilogo

Meu coração, não batas, pára!
Meu coração, vae-te deitar!
A nossa dor, bem sei, é amara,
A nossa dor, bem sei, é amara...
Meu coração, vamos sonhar...
Ao mundo vim, mas enganado.
Sinto-me farto de viver:
Vi o que elle era, estou massado,
Vi o que elle era, estou massado...
Não batas mais! vamos morrer...
Bati á porta da Ventura
Ninguem m'à abriu, bati em vão:
Vamos a ver se a sepultura,
Vamos a ver se a sepultura
Nos faz o mesmo, coração!
Adeus, Planeta! adeus, ó Lama!
Que a ambos nós vaes digerir...
Meu coração, a Velha chama,
Meu coração, a Velha chama...
Basta, por Deus! vamos dormir...

António Nobre, in 'Só'

Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,

Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

À morte

À morte

 
Florbela Espanca

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E, como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte, dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me às asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Cansada

Olho pela janela, chove tanto lá fora! Pergunto para mim mesma se o tempo estará em sintonia comigo! Vejo a luz do luar a penetrar o meu quarto como se me quisesse abraçar. Pergunto mais uma vez, porque raio está a chover! Sentirá o céu o pesado infortúnio dentro de mim? Será a chuva aquela aliada que tanto procuro, que tanto quero identificar como amiga?
Estará o céu ligado a mim de tal forma que o meu estado de espírito influencia o tempo?
Sento-me a olhar pela janela, a noite tardou mas chegou, acendo um cigarro, olho para o vazio e suspiro. Ai como se sinto cansada! Cansada de sentir, cansada de pensar, cansada de sofrer, cansada de existir, cansada de esperar, cansada de suspirar, cansada de chorar, cansada de pedir em silêncio ajuda, cansada de fingir que está tudo bem, cansada de estar cansada!
Do meu lado direito encontra-se a faca limada, será que a Verônica decidiu morrer? Ou talvez só sentir a dor daquela lamina a penetrar a carne jovem e fresca? Suspiro mais uma vez, a decisão é tão difícil! Sinto-me cansada até para tomar o raio de uma decisão! A balança de prós e contra não é assim tão equilibrada, o que custa decidir?
Decido fumar outro cigarro e como estou tão cansada, deixo a decisão para amanhã. É sempre amanhã, amanhã. Até que o amanhã se torna hoje!  

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Amor platónico

Questionaram me várias vezes sobre o que vi em ti. Ninguém compreende o que tens de especial, hoje talvez nem eu saiba mais!
Talvez o ódio se sobreponha ao amor, talvez o ser racional e exato se interponha ao lado amoroso e apaixonado. Talvez o tempo me tenha mostrado que vivi um sonho e que nunca passou disso. Talvez as tuas atitudes estúpidas e supérfluas me tenham virado de tal modo a cabeça que não saiba mais o que és ou o que significas ser para mim. Talvez a vida me tenha dado uma bofetada tão grande que tenha invertido o meu olhar perante ti. Mas quando me questionam sobre ti o que me vem à memória são as tardes de amor, são os sorrisos maravilhosos que me deste, é a felicidade é a paz que me proporcionaste, o amor que me transmitias, a calma, o calor humano do teu abraço. Ai como sinto falta desse amor, desse conforto, desse calor, dessa paixão que tanta felicidade me trouxe!
Hoje, olho para o passado como mais um capítulo fechado mas solto do livro, como se não pudesse de modo algum encerrar se de vez!
Sim, amei te mais que a mim própria, amo te ainda mas não o direi mais em voz alta. Será um amor platónico que permanecerá para sempre dentro de mim fechado num cofre a sete chaves.
Quando me perguntam por ti não consigo dizer em voz alta que cada um seguiu a sua vida, muito menos que acabou para sempre! Nem a mim própria consigo admitir, quanto mais aos outros! Mas o meu subconsciente bem sabe que foi o término de uma relação que tinha tudo para ser um conto de fadas, embora não tenha passado de um lindo filme melo-dramático!
A partir de hoje, e prometo o para mim e para os deuses, quando me perguntarem por ti, direi convicta de mim mesma, que foste um belo amor mas que não estávamos destinados um ao outro.
Não direi que olhando para ti, não passas de um ser mórbido, desconhecido, que não me transmite mais confiança ou um pouco de afeto. Direi que foi um belo filme de amor que se tornou num pesadelo cheio de ingratidão, ódio, desespero e morte! Serás sempre aquele que me roubou a alma, que me levou a loucura e se tornou uma doença, serás sempre um amor platónico!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Consolo de desconsolada

Hoje vi-te estavas maravilhoso com esse fato que te caía que nem uma luva! Não parecias tu, estavas ridicularmente bonito para a tua idade! Pensei me aproximar mas achei que era melhor não! Estava riducularmente estúpida para te dizer um olá.
Não te via há anos e senti o teu cheiro a uma distância consideravelmente longe. Esse tom de pele continua exatamente da mesma forma do que há uns valentes anos atrás. Esses lábios, continuam cor-de-rosa da mesma forma como quando lhes toquei pela última vez, esse 1,75m de altura continua exatamente com a mesma serenidade, esse corpo leve como o vento e esses olhos, aí esses olhos azuis, cor de mar, continuam a brilhar quando me veem!
Não, não me aproximei de ti! Fiquei estática, perplexa ao ver a mesma beleza em ti, ao sentir o mesmo palpitar no peito. Quando me deparei, lá estavas tu ao meu lado, em silêncio, a dizer palavras ricas e tão altas que me desfizeram em lamúrias de arrependimento.
Tocas-te, olhas-te, beijas-te, agarras-te, e tudo ficou eternamente parado. 
A minha pele congelou com o teu toque, o meu sorriso petrificou de te ver ali, a olhar para mim com a intensidade de um furação em movimento.
Que dia o nosso, que memória inesquecível essa. Foi um minuto para desolar um mundo em mim perdido.
Obrigado pelo companheirismo, pela paixão fogosa que não deixas-te esquecer, pelo toque, pelo carinho. Obrigado por veres nos meus olhos o que ninguém viu, por consolares o inconsolável, por não lamentares o perdido, por me amares da mesma forma e com o mesmo sentimento de sempre! Obrigado por tudo my friend my boy my king my little love.
     

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Fernando Pessoa

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Brincar com o fogo queima

"Ele destrói-me!!!

Estou farta de dar o braço a torcer. Fartinha de ir com uma ideia e voltar com outra completamente diferente. Ele tem o dom da palavra e eu a maldição de gostar dele. Dá-me a volta sem eu dar conta de tal. E no final, se for preciso, ainda dou por mim com um “Desculpa” a sair-me dos lábios.
Por vezes pondero se serei assim tão fraca de mente ou tão forte de coração, que me interrompe a linha entre a lógica e os sentimentos. Confesso que sim, que grande parte de mim se questiona se o sou.
E entre muitas outras questões, também abraço aquela que me pergunta se eu gosto mais de mim mesma ou dele. Faz-se um silêncio avassalador na minha mente e dou de caras com uma resposta que me assusta de morte.
“Não sei.”
Tremo só de repetir isso na minha cabeça. Um “Não sei” nunca deve ser resposta para uma pergunta de tamanha bagagem. Não posso gostar mais dele do que de mim mesma. Porque amar outro sem existir o amor-próprio, é o precipício da confiança e da autoestima de uma pessoa.
Não posso gostar mais dele do que de mim mesma. Ponto. Ponto final e vira a página e segue em frente. Novo livro, nova história e adiante. Siga.
As voltas que me dá, os joguinhos de palavras que faz, os trocadilhos das suas acções, destroem-me aos poucos. Ele destrói-me no momento em que distorce aquilo que digo, em prol daquilo que ele quer ouvir. E eu troco-me. E ele troca-me. E vivemos assim, numa espiral rumo à minha destruição total.
Há que pôr os pontos nos ii’s e começar a unir aquela linha da lógica e dos sentimentos, pelo meu bem-estar, pela minha sanidade, para o meu próprio bem. Porque eu agora não vivo por mim, mas pelos sentimentos que eu sinto por ele. E tal, não é certo. Não é justo. Não é bom. E de coisas más estou eu farta. E como tal, eu estou farta dele.
Cansada de dizer um “sim” quando é um “não” que quero fazer ouvir.
Cabe-me, agora, tomar as rédeas da minha vida e soltar aquelas que me prendem a ele. Já tentei por diversas vezes agarrar numa tesoura e cortar toda a influência que ele mantém sobre mim. Já tentei tanta vez que já lhes perdi a conta. Porém, há sempre algo que ele me diz ou que me faz, que me demove dessa minha intenção.
Eu juro não entender como tem tanto domínio, tanto voto na matéria, tanta presença sobre mim. Não entendo.  Não percebo mesmo. E fico sem jeito só de pensar em como é possível tremenda coisa.
E quando penso que me estou a conseguir afastar e a dar asas a mim própria. Quando começo a ganhar a noção que me estou a soltar das algemas em que ele me prende, não sei como, ele volta-me a chegar para bem perto e fecha-as novamente. Agarra-me com afinco e usa os meus sentimentos.
Ele usa-me. E eu feita fraca, deixo-me ser usada.
É como eu digo, ele destrói-me aos poucos. Vai-me roubando a essência da vida e faz-me olhar por cima do ombro, com medo, por onde vou passando. Não é justo. Não é bom. Porque isto assim não é viver, é sobreviver entre as gotinhas da chuva, sem força de me ver livre desta nuvem negra que paira sobre mim! Ele é a nuvem que me assombra, que me desconcerta. Mas que, sei lá como, me faz ficar junto dele.
Não entendo nada do que vou passando, pois nada disto tem sentido algum.  Mas de uma coisa eu sei, viver junto de alguém assim é brincar com o fogo. E eu estou farta de me queimar. Por isso, Basta.
É, portanto, altura do ponto final, de virar a página e dizer “Até à vista, meu querido“. E festejar o fim de um capítulo e dar as boas vindas a um completamente novo, centrado apenas em mim."

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Odeio te a ti e a mim

Odeio te por tudo aquilo que me transmites, por todos os atos mal realizados, por todas as palavras ditas como facadas,  por todos os sentimentos mal compreendidos, por todas as situações em que tu te achas o dono da razão sem a teres.
Odeio te por me fazeres sentir a maior escumalha a face da terra, por me levares a conheceres os piores sentimentos e dores do planeta.
Odeio te por jogares a minha vida como um jogo de poker, por fazeres de mim um pedaço de lixo, um brinquedo que usas e abusas.
Odeio me por amar além que não existe, alguém que idealizei e nunca irei ter. Odeio me por ter esperança que um dia o que é meu volte para mim! Que estupidez a minha! Nunca foi como poderá voltar?
Odeio me por ir contra todos os meus princípios, contra todos os atos que lutei para nunca realizar.
Odeio me por ser a triste menina que todos olham com pena, por hoje ser a estupidez humana em pessoa!
Odeio me por ver o mundo com esperança, por idealizar um final feliz,por querer e desejar uma felicidade inexistente.
Odeio me por continuar a ser ingénua, por achar que as pessoas mudam, por esperar que todos tenham atitudes como eu.
Odeio te a ti e a mim do fundo do meu ser!