"E que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio."- Fernando Pessoa
Quando o medo nos toca no nosso mais intimo pensamento,
quando a solidão é a nossa melhor amiga, quando a desilusão nos aparece como
uma criança, tudo pelo qual nós mais esperamos é espelhado pelo chão como um
vidro quebrado que não tem mais arranjo.
A dor pode ser sentida como uma onda de imenso calor que nos
corrói e nos torna num ser humano sem reflexos, num ser que baixa as armas e se
sente derrotado pelo silêncio da escuridão. Quando tudo não tem mais solução,
quando tudo está no seu maior tumulto, entendemos que o único ser ao qual
devemos agradecimento é a nós mesmos, por nos resguardarmos e sermos o nosso
maior guarda e amigo.
Quando tudo se torna um jogo perdido tentamos arranjar
forças, as quais nem nós mesmos temos o conhecimento de as ter adquirido,
contudo de mansinho elas aparecem.
Quando a noite e solidão nos abraçam tudo parece calmo e
ameno mas aí aparecem as lembranças de felicidade e amor que alguém corrompeu.
Se o medo nos transforma num ser amargo e moribundo só a nós
nos resta lutar para que a desilusão da vida seja esquecida e seguir em frente
por um caminho desconhecido.
Se as pedras nos nossos caminhos forem imensas devemos
guardá-las, um dia poderão ser precisas para construir um forte a nossa volta. Talvez assim ninguém nos possa voltar a criar o sentimento de medo e desilusão
dentro de nós.