E de repente acordas e do nada surge uma podridão de memórias que desgastam o cérebro, que te fazem sentir e ressentir um sentimento que estava adormecido, um amor perdido, uma ilusão que deverás queres esquecer. E do nada surge aquela lágrima dormente que há tanto queria sair e tu aprisionas-te dentro de ti porque finges ser forte. E vêm de mansinho aquelas amargas palavras de solidão, de menina perdida, de menina esquecida, de menina humilhada, desprezada, jogada no lixo, e que perdeu tudo o que a vida lhe ofereceu. Olhas de repente para a rua e sai-te pela boca o mero desabafo "que mundo é este"? Onde foi que errei? Onde foi que provoquei esta ira da vida?
O sol brilha lá fora, mas tu estás envolta de fiozinhos de magia negra que te prendem em um ciclo sem fim, penetrável unicamente por todos os sentimentos negativos da vida. Que fiz eu para viver e reviver este sentimento que tanta solidão me traz?
Onde está o mundo com o qual sonhava na minha meninez, o mundo que idealizei em criança? Onde está a honra, a amizade, o dom da palavra quando mais precisamos? Onde estás tu criatura do bem que tanto me prometeram conhecer e que tal presença é necessária na minha vida?
Cada vez mais sozinha, cada dia com menos esperança, menos vontade, menos força, menos ganância pela vida. Talvez eu seja mesmo de outra época ou mesmo de outro do mundo! Mas algo é garantido, a solidão mata aos poucos mas mata a esperança de viver. E talvez esteja presa por um fio a este mundo!